terça-feira, 30 de julho de 2019

GLUCIDOS

GLUCIDOS


Estrutura dos glucidos
Classificação das oses
Isomerias das oses
Estreutura ciclica
Enumeração das ose
Compostos relacionados com as boses
Holosidos
Gosto doce
Homoglicanas
Mucopolisacaridos
Heteroglicanas
Glicoproteinas
Glicoproteinas em saude





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Textos








Nomenclatura




Capitulo 1
Definição e classificação


Definição

Podemos definir glúcidos como moléculas cujas unidades estruturais são oses.
Oses são compostos não ramificados em que todos os carbonos menos um têm a função álcool.

Classificação
Teremos a considerar:
  • Oses
  • Osidos

Osidos

São compostos que por hidólise  dão origem a oses.
As oses ligam-se entre si com perda de água, originando a ligação glicosido.
A sua fórmula geral será Cn(H2O)n-1.
Dividem-se em holosidos e heterosidos.

Holosidos

Por hidrólise dão origem a penas a oses. Dividem-se em oligosidos e poliosidos conforme têm menos ou mais de 10 oses
Heterosidos
·        Por hidrólise originam para além de oses um radical não glucídico, o radical aglicona.



CAPITULO 2
Classificação das oses

As oses podem classificar-se conforme os seguintes critérios:
·        Grupo carbonilo
·        Numero de carbonos
·        Critério misto

Grupo carbonilo


O carbono que não tem função de álcool poderá conter um aldeido (aldoses) ou cetona (cetoses).
Para designar se trata de uma aldose ou de uma cetose, utiliza-se o sufixo ose para as aldoses e ulose para as cetoses




Aldose – ose
Cetose – ulose

 Designação segundo o carbonilo

Número de carbonos


Designam-se antecedendo a palavra ose de um prefixo indicando o número de carbonos – diose, triose, tetrose, etc

 Designação segundo o numero de carbonos


Resumo

Quanto ao carbonilo
  • Aldoses
  • Cetoses

    Quanto ao numero de carbonos

    • Trioses
    • Tetroses
    • Pentoses
    • Hexoses
    • Heptoses

    Numeração dos carbonos

    Segundo as regras da IUPAC, a numeração dos carbonos começa pela extremidade mais próxima do carbono mais oxidado

    Critério misto

    Utiliza duas designações, indicando-se por aldo ou ceto e seguindo-se o número de carbonos – aldohexose, cetopentose, etc.



    CAPITULO 3
    Isomerias das oses


    Estereoisómeros

    A ose mais simples é o aldeido glicólico com dois átomos de carbono
    Como o aldeido glicolico não tem carbono assimétrico, não tem estereoisómeros.
    Há só duas oses com três carbonos, o gliceraldeido e a dihidroxiacetona
     O gliceraldeido tem um carbono assimétrico. Tem portanto dois estereoisómeros A dihidroxiacetona não tem

     Carbono assimétrico do gliceraldeido


    Nomenclatura de Fisher

    Como o gliceraldeido tem um carbono assimétrico, tem dois estereoisómeros.
    FISCHER e ROMANOFF  escolheram o gliceraldeido como composto de referência para a configuração das oses


    cortesia de James Hardy


    Todas as oses provindo do D-gliceraldeido pertenceriam à  série D e as do L à série L.
    A filiação seria dada pela posição do oxidrilo no penúltimo carbono –  à direita na série L e à esquerda na série D
    Nesta representação esquemática e nas que se seguirão, a barra vertical representa a cadeia carbonada e os traços horizontais os oxidrilos. Os hidrogénios não estão representados.
    As designações D e L referem-se apenas à filiação no gliceraldeido, ou seja à posição do oxidrilo no penúltimo carbono. Podem haver oses da série D (por terem o oxidrilo do penúltimo carbono colocado à direita) mas desviando para a esquerda por terem a maioria dos oxidrilos colocados à esquerda
    Convencionou-se colocar (+) e (-) para indicar o desvio para a direita e para a esquerda, respectivamente


    Epímeros

    Os epímeros são aldoses que diferem entre si pela posição do OH num único carbono.
    É o caso da glicose e a galactose que diferem entre si apenas no C4
    ´





    CAPITULO 4
    Estrutura ciclica 
    Muta-rotação

    Uma solução recente de d-glicose desvia o plano de polarização da luz de +112º, valor que vai diminuindo com o tempo até se estabilizar a +19º.
    Este fenómeno, denominado de muta-rotação, só é explicável admitindo a existência de dois isómeros, a a-D-glicose e a b-D-glicose ).
    Para explicar a existência deste isómeros tem de se admitir a existência de um novo centro de assimetria, pois que a mutação não se pode explicar pelos quatro carbonos assimétricos existentes. Deve tratar-se, portanto, do C1.


    Reacções das aldoses

    Uma outra prova é o comportamento das aldoses quando reage.m com um álcool, como o metanol.
      O aldeido reagiria com duas moléculas de álcool, formando uma acetona
    Todavia nas aldoses há a reacçãoapenas com uma molécula de álcool, formando um semiacetal
    Quer dizer, a função aldeido estaria parcialmente bloqueada, reagindo apenas com uma molécula de álcool.
    Conseguiram-se isolar dois semiacetais, variando entre si pelo seu poder rotatório

    Metilação das aldoses

    Nas aldoses os OH dos C3 e C4 podem ser metilados, mas não os do C5.
    Para explicar estas propriedades, TOLLENS propôs uma ligação entre o C1 e o C5 através de uma ponte oxidica


     Formula de Tollens

    Na forma a o OH do C1 está do mesmo lado do do C2 e na forma b do lado oposto
    Esta ponte forma um ciclo semelhante ao do pirano  a fórmula diz-se piranósica. No caso da glicose dir-se-ia glicopiranose



    No caso das cetoses as pontes são 1-4
    Atendendo à semelhança com o furano, estas fórmulas dizem-se furanósicas



    Fórmulas de Haworth
    Como o pirano e o furano se podem representar por estruturas cíclicas, HAWORTH propôs as fórmulas cíclicas que têm o seu nome.



    O plano do anel é  mostrado perpendicularmente ao plano do papel.
    As ligações mais próximas do observador estão representadas com traços mais grossos.
    Na forma α, o hidrogénio do C1 está do mesmo lado que o do C
    cortesia de James Hardy




    cortesia de James Hardy


    CAPITULO 5
    Enumeração das oses

    Dioses

    A única diose possível é o aldeido glicólico 

    Trioses

    São o gliceraldeido e a dihidroxiacetona

    Tetroses


    São a eritrose, trealose e eritrulose

    Pentoses


    As mais importantes são a ribose, ribulose arabinose e xilose.

    Hexoses


    As mais importantes são a glicose, galactose,  manose, frutose e sorbose.

    Heptoses


    A única conhecida é a sedoheptulose

    Formulas

    Aldoses











    Capitulo 6
    Compostos relacionados com oses

    Esteres fosforicos

    A maior parte são esteres fosfóricos da glicose ou da frutose.
     São fosforilados no C1 e ou no C6
    Também se encontram esteres das trioses (fosfogliceraldeido e fosfodihidrociacetona), da sedoheptulose (sedoheptulose-7-fosfato) es  das pentose (ribose-5-fosfato, xilulose-5-fosfato)


    Glucose-6-fosfato


    Desoxi-oses ou desoses

    São derivados das oses com menos um oxigénio.
    Encontram-se a dexoximanose ou ramnose, a desoxigalactose ou fucose e a desoxiribose
    A mais importante é a desoxiribose por fazer parte do DNA 






    Álcooi

    Acíclicos


    Provêm da redução da função aldeido ou cetona





    Principais alcoois

    Oses
    Álcool correspondente
    Gliceraldeido
    Ribose
    Galactose
    Glicose
    Manose
    Glicerol
    Ribitol
    Dulcitol
    Sorbitol
    Manitol



    Inositol

    É habitual estudar o inositol como um composto relacionado com as oses.
    É um álcool derivado do ciclohexano, podendo haver vários isómeros
     No organismo humano existe o mioinositol




    Mioinositol




    Ácidos

    Definição

    Resultam da oxidação da função aldeido, álcool primário ou das duas

    Classificação

    Ácidos aldaricos – Resultam da oxidação do aldeido
    Ácidos uronicos – Resultam da oxiodação do álcool primário
    Ácidos aldaricos – Resultam da oxidação do aldeido e do álcool primario

    Ácidos derivados das oses

    Ácido
    Aldeido
    Álcool primário
    Aldónico
    Urónico
    Aldárico
    +
    -
    +
    -
    +
    +


    Para além destes três grupos, estudaremos também o ácido ascórbico.

    Ácidos aldónicos

    Resultam da oxidação do C1 e das aldoses.
    O ácido aldonico da glicose é o ácido glicónico













    Os ácidos aldonicos podem-se transformar em lactonas




    Ácidos aldáricos

    Conforme têm  4,5 ou 6 carbonos designam-se por tartáricos,trioxiglutaricos e sacaricos

    Ácidos aldaricos

    Numero de carbonos      Designação

    4                                                  Tartarico
            5                                                  Trioxiglutarico
                     6                                                  Sacarico                        
                               



    Ácidos aldonicos mais importantes


    Oses
    Ácidos
    Glicose
    Manose
    Galactose
    Glicosacárico
    Monosacárico
    Mucico

    Ácidos urónicos

    Resultam da oxidação do álcool primário.
     O ácido derivado da glicose é o ácido 
    ChemSpider 2D Image | Glucuronic acid | C6H10O7

    Os glicuroconjugados resultam da combinação do ácido glicurónico com compostos sintetizados pelo organismo, tóxicos ou medicamentos, tendo de um modo geral uma função desintoxicante

    Ácido ascórbico

    É um composto derivados das oses contendo um enediol.
    A sua forma oxidada é o ácido deidroascorbico
    Estes dois compostos constituem a vitamina C




    Acido ascorbico



    Aminooses


    Resultam da substituição de um oxidrilo por uma amina.
    As mais importantes são a glicosamina , galactosamina e manosamina





    Glicosamina
     Entram na composição das glicoproteínas e de algumas lipoproteínas.
     Encontram-se nos glicolípidos das paredes celulares.
    Raramente existem no estado livre, encontrando-se na maior parte dos casos acetiladas

    Ácidos sialicos

    São aminooses de estrutura complexa.
    Contêm um carboxilo no C1, uma cetona, um grupo metilénico, um álcool secundário esterificado e uma função amina amidificada





    O mais conhecido é o ácido neuramínico. Este ácido encontra-se geralmente acetilado ou glicosilado
    Entram na composição de glicoproteínas e de lipoproteínas. Encontram-se nos glicolipidos das membranas celulares.

    O vibrião da cólera e certos vírus possuem um enzima, a neuramidinase ou sialidase que ataca as ligações osidicas unindo o ácido acetilneuraminico a outros constituintes.



    Ácido acetilmuramico
    Nas paredes bacterianas encontra-se um derivado da acetilglicosamina, o ácido acetilmuramico composto por 11 carbonos nos quais se encontram ácido láctico e acetilglicosamina




    Nucleotido-oses
    São compostos contendo uma ose ou um derivado de uma ose, esterificado pelo hidroxilo com um fosfato terminal de um nucleótico-5’ fosfato.
    A aminoose da glicose é a uridina difosfato glicose ou UDPglicose


    A aminoose da glicose é a uridina difosfato glicose ou UDPglicose












    Capitulo 7

    Holosidos


    Definição e classificação



    Revisões de conjunto






    Definição


    Resultam da condensação de moléculas de oses entre si por uma ligação denominada osídica ou glicosídica






    Animação sobre ligação glicosido




    Classificação



    Conforme têm menos ou mais de dez oses, dividem-se em oligosidos e poliosidos.



    Oligosidos


    A ose está combiinada por uma ponte de oxigénio entre o hidroxilo semiacetálico de uma ose e o hidroxilo de outra.









    Se o outro hidroxilo também é semiacetálico, o oligosido não será redutor

    Destes destacamos a sacarose, por ser um constituinte do açucar.





    Poliosidos
    Nomenclatura
    Designam-se substituindo por ana o sufixo ose.
    Alguns têm nomes triviais – glicogénio, amido, celulose, insulina.
    Classificação
    Homoglicanas – contêm apenas glicose
    Heteroglicanas – contêm vários tipos de oses
    Glicuranas – são homoglicanas com resíduos de ácidos urónicos
    Glisoaminoglicanas – são heteroglicanas com ácidos urónicos e aminoose
    Têm o nome trivial de mucopolissacaridos

    CAPITULO 8

    GOSTO DOCE






    O gosto doce é um dos quatro gostos primários sendo os outros o ácido, o amargo e o salgado.

    Quase todas as oses e oligosidos têm gosto doce.
    Conceito

    O consumo excessivo de açucar produz obesidade.
    Para a evitar, a industria concebeu produtos sintéticos, os adoçantes ou edulcorantes que têm um alto poder adoçante mas  que fornecem poucas calorias
    Podemos distinguir os sucedâneos do açúcar dos edulcorantes intensos
    Os sucedâneos do açúcar reduzem parcialmente o aporte de calorias. São álcoois derivados das oses
    Os edulcorantes intensos têm forte poder adoçante e fornecem pucas calorias. Os mais usados são a sacarina, os ciclamatos, o acesulfame de potássio e o aspartame


    Sucedâneos do açúcar

    São álcoois obtidos por hidrogenação das oses – sorbitol,xilitol, maltitol,manitol
    Têm um poder adoçante inferior ao da sacarose
    Não causam carie dentaria
    A sua lentidão de absorção pode provocar flatulência ou diarreia

    Como são mal absorvidos têm pouco efeito na glicemia
    Aprovados pela WHO, EUA e União Europeia


    Sacarina

    Fabricada a partir de açúcar e cloro
    Nalguns utilizadores deixa um gosto posterior amargo metálico
    O aquecimento não tira o poder adoçante
    Aprovado nos EUA e  União Europeia


    Ciclamato

    Fabricado a partir do benzeno
    Interdito nos EUA
    Aprovado em mais de 50 paises, incluindo a União Europeia


    Acesulfame de potássio

    Estável no calor
    Solúvel na agua
    Gosto posterior amargo

    O aquecimento  não reduz o poder adoçante
    Aprovado nos EUA e União Europeia


    Aspartame

    Interdito na fenilcetonuria, por conter fenilalanina
    Hidrolisado pelo calor  dando um gosto amargo
    Não se devem reaquecer produtos adoçados com aspartame
    Aprovado nos EUA e União Europeia


    Doçura relativa

    Composto
    Doçura
    Ciclamato
    Aspartame
    Acesulfame
    Sacarina
    30
    160
    200
    600



    Outros adoçantes

    Alitame

    2000 vezes mais doce que o açúcar
    Aprovado nalguns países como Austrália e Nova Zelândia
    Aprovação pendente  nos EUA

    Neohesperidina

    1500 vezes mais doce que o açúcar
    Tem um gosto  a licor
    Extraída das cascas e pele de laranjas amargas
    O calor não reduz o seu poder adoçante
    Aprovado na União Europeia
    Nos EUA está aprovado apenas como sabor

    Neotame

    8000 vezes mais doce que o açúcar
    O calor não  reduz o seu poder adoçante
    Aprovado nos EUA, mas não está comercializado


    Esteviosido

    Feito a partir duma planta que cresce na America do Sul
    3oo vezes mais doce que o açúcar
    Aprovado nalguns países
    Pode produzir alterações genéticas nalguns animais de laboratório

    Taumatina

    Encontrada num fruto silvestre da Africa Ocidental
    2000 a 3000 vezes mais doce que o açúcar
    Não utilizável para cozinhar
    Aprovado na União Europeia
    Nos  EUA aprovado apenas como sabor



    Capitulo 9

    Homoglicanas


    Revisões de conjunto



    Amido



    É o glúcido de reserva das plantas.
    É constituído por amilose e amilopectina.

    Textos




    Amido resistente


    Amilose
    Constitui 20% dos amidos naturais.
    É constituída por radicais de glicose em união 1-4. A sua unidade estrutural é um diholosido, a maltose 




    A amilose está arranjada em hélice



     Arranjo em hélice da amilose

    Bibliografia



    Amilopectina

    Além das ligações 1-4, há ligações 1-6
    As ligações 1-6 permitem a formação de ramificações, que ocorrem de 12 em 12 resíduos

    http://www.chocolatisimo.es/amilosa-y-amilopectina/

    Bibliografia


    Glicogénio

    É constituído por uma amilopectina mais ramificada que a do amido (entre cada 8-10 resíduos de glicose)
     Não contém amilose.





    Celulose

    É o composto orgânico mais abundante da biosfera, representando mais de 50% do carbono total.
    É o componente mais abundante das paredes celulares das plantas. O algodão praticamente só contém celulose.
    É um grande polímero da glicose em que os seus resíduos estão ligados por ligações b 1-4
    As ligações osidicas diferem das da amilose por serem b 1-4 e não a.
    Esta diferença tem uma grande importância biológica porque os enzimas que digerem o amido (amilases) não digerem a celulose.
    Como os seres humanos, ao contrário dos ruminantes, não têm celulase (enzima que digere as ligações b 1-4) não digerem esta homoglicana.


     Celulose




    CELULOSE E INDUSTRIA

    O algodão tem mais de 90% de celulose.
    É conhecido o seu uso na industria dos texteis.
    A madeira é constituída por 50% de celulose correspondendo a maior parte do restante ao  celofane e o acetato de celulose.



    Homogalacturanas


    São constituídas por resíduos de um polímero orgânico contendo grupos aromáticos, a lenhina.

    A celulose obtida a partir da madeira é o ponto de partida de fibras como o rayon e de plásticos com ácidos galacturónicos ligados por ligações a 1-4, parcialmente esterificados por metanol.

    Os ácidos pecticos estão pouco esterificados e as pectinas estão muito.



    Fibra


    Muitas homoglicanas como a celulose e as pectinas não são digeridas, sendo geralmente conhecidas por fibra.
     O facto de não serem digeridas dá-lhes uma função importante na regulação do trânsito intestinal pois actuam como elemento de balastro.

     Além disso têm efeito benéfico sobre algumas doenças como a ateroesclerose e o cancro do colon.

    Capitulo 10

    Mucopolissacáridos

    Esta designação é o nome trivial das glicosaminoglicanas ou proteoglicanas
     São glicanas contendo radicais urónicos e hexosamina.

    Revisões de conjunto


    Estrutura

    São polímeros de uma unidade estrutural constituída por diholosidos em que um radical urónico se encontra ligado à posição 3 de uma aminoose

                  
                                                        
                                Unidade de repetição                                Unidade de repetição


    Os diholosidos estão ligados entre si por ligações 1-4, formando macromoléculas lineares
    Dividem-se em mucopolisacáridos de estrutura e de secreção.

    Classificação
    Conforme o seu papel biológico classificam-se em mucopolisacaridos de estrutura e de secreção


    Mucopolissacaridos simples

    Ácido hialurónico
    A sua unidade de repetição é o ácido hialobiurónico que contém ácido glicurónico e acetilglicosamina





    O seu nome deve-se a ter sido isolado pela primeira vez no humor vitreo (hialos).
    É um componente importante da substância fundamental do tecido conjuntivo.
    Constituído pela repetição de 250 a 25000 unidades, o que lhes dá um peso molecular elevado.
    Tem um carácter aniónico pelo facto de os radicais urónicos fixarem catiões com K+ e Ca+.
    A sua capacidade em rejeitar aniões torna-o numa molécula altamente hidratada, podendo ocupar um volume superior a 1000 vezes o seu peso seco.
    É também dotado de uma grande viscosidade.
     A hialuronidase destroi as ligações 1-4 do ácido hialurónico e outros mucopolisacaridos.


    Importância da hialuronidase
    As bactérias contendo hialuronidase têm como é evidente a capacidade de se difundir rapidamente pelos tecidos por destruírem uma barreira que é o ácido hialurónico.
    Os espermatozoides  contêm hialuronidase, o que facilita a sua difusão.
     O acréscimo da hialuronidase a alguns medicamentos permite-lhes uma larga difusão pelos tecidos.
    Condroitina
    A sua unidade de repetição é a condrosina, constituída por ácido glicurónico e N-acetilglicosamina.
    Existe em pequenas quantidades na substância fundamental do conjuntivo.
    Mucopolisacáridos complexos
    São moléculas sulfatadas o que as torna moléculas com carga negativa, carga que ainda aumenta naquelas que também têm radicais urónicos.

    Condroitina-sulfatos
    A unidade de repetição é constituída por ácido glicuronico-galactosamina-sulfato.
    Na condrotina-4-sulfato a galactose está sulfatada no C4 e a condroitina-6-sulfato no C6.
    Encontram-se no conjuntivo de vários tecidos. A condroitina-4-sulfato é o componente major da cartilagem.

    Dermatana-sulfato
    É um epímero da condroitina-4-sulfato, pois que em vez do ácido glicurónico se encontra o seu epimero em C5, o ácido idurónico.
    Esta epimerização não é completa, encontrando-se sempre alguns restos glicurónicos na sua estrutura.
    Como o seu nome indica, é abundante na pele.

    Queratana-sulfato
    A sua unidade de repetição é a galactose-N-acetilglicosamina sulfato.
     Como o diholosido glicose-galactose é a lactose também se pode designar como acetilactosamina-sulfato.
    È um mucopolisacarido muito heterogénio, pois além de se poderem encontrar quantidades variáveis de sulfato, também podem conter pequenas quantidades de fucose, manose, acetilglicosamina e ácido siálico.


    Mucopolissaridos de secreção

    Heparina

    É um mucopolisacarido de constituição variável em que o componente principal é o diholosido ácido idurónico-2-sulfato-N-sulfoglicosamina-6-sulfato.
    Tem em média 2,5 sulfatos por unidade diholosidica o que lhe dá uma carga extremamente negativa.
    Ao contrário dos outros mucopolisacaridos não se encontra nos tecidos mas nas granulações intracelulares dos mastocitos.
    Tem propriedades anticoagulantes podendo ser libertada para o sangue após lesáo, para evitar a sua coagulação.
    Esta acção da heparina é usada na clínica, nomeadamente após cirurgia.
    Mucoitina-sulfatos
    A sua estrutura é parecida com a dos condroitina-sulfatos, mas a hexosamina é a N-acetilglicosamina sulfatada em 4 e 6.
    Encontram-se no muco segregado pelas glândulas do tubo digestivo e do aparelho respiratório.

    Importancia biologica dos mucopolissacaridos


    Os mucopolisacaridos têm uma grande importância biológica.
     O seu carácter polianiónico dá-lhes um papel fixador de catiões, essencialmente o cálcio.
     Quando esta fixação do cálcio diminui surge uma fragilidade dos cimentos celulares.
    No decorrer da ossificação, os mucopolisacaridos, nomeadamente os condroitina-sulfatos, são excelentes permutadores de catiões e participam juntamente com o colagénio na elaboração do cristal ósseo.



    Capitulo 11

    Heteroglicanas

    As mais importantes são de origem bacteriana.

    Mureinas

    A rede estrutural da parede bacteriana é constituída por uma peptidoglicana, a mureina, constituída por uma cadeia linear N-acetilamina-ácido N-acetilmuramico em que este último está ligado por uma ligação amida a um tetrapeptido contendo um D-aminoácido.
    As cadeias peptidicas estão ligadas entre si covalentemente por ligações cruzadas, através de um peptido que no S. aureus é a pentaglicina





    Mureinas.


    Lisosima e penicilina

    A existência de d-aminoácidos nas peptidoglicanas impedem a acção das proteases do tubo digestivo, evitando assim a destruição da bactéria.
    O lisosima, enzima existente no muco, lágrimas e saliva,  destroi a ligação acetilglicosamina - acetilmuramico.
     Todavia a tentativa da sua aplicação como antibiótico universal falhou.
    A penicilina tem acção antibiótica porque inactiva os enzimas que catalisam a formação das ligações cruzadas.
     Há bactérias que segregam um enzima, a penicilinase que destroi a penicilina, tornando-se estas penicilina - resistentes.
    Penicilinas semi - sintéticas como as ampiciclinas são resistentes à penicilinase.


    Ácidos teicoicos
    São os constituintes mais importantes das paredes das bactérias gram-positivas.
    São constituídos por moléculas de ribitol ou de glicerofosfato ligadas entre si por ligações fosfodiester e onde se encontram ainda a D-alanina e N-acetilglicosamina.
    Estão ligados a peptidoglicanas através da N-acetilglicosamina
    São frequentemente designados por lipopolisacaridos. Este ácidos contêm um grande número de determinantes antigénicas como o fosfoglicerol, glúcidos e alanina.

    Antigenios O   
    A parede das bactérias gram negativas, nomeadamente as enterobacteriáceas contêm na sua estrutura poliosidos invulgares associados a prótidos ou lípidos
    Estes compostos têm propriedades antigénicas, sendo denominados antigénios somáticos ou antigénios O e constituem as endotoxinas destas bactérias.
    A toxicidade deve-se ao lipopoliosido mas as propriedades antigénicas devem-se apenas aos poliosidos.
    A sua grande variedade explica a grande diversidade antigénica destas bactérias.
    Provavelmente estes antigénicos estarão implicados no reconhecimento da células hospedeira.
    Os mutantes que não têm este antigénio não são patogénicos.


    CAPITULO 12
    Glicoproteinas

    Revisões de conjunto






    Nomenclatura


    Definição
    São heteroproteínas em que os glúcidos estão ligados covalentemente a proteínas.
    Nestes compostos os glúcidos representam 5 a 40% da molécula.

    Estrutura
    A fracção glucidica é constituída por cadeias curtas ligadas lateralmente a cadeias polipeptidicas


    Glucidos

    A parte glucidica liga-se sempre a uma sequência de aminoácidos asparagina-X-treonina.
    As duas primeiras moléculas que antecedem a asparagina são sempre duas NAG
    A NAG é sempre precedida de algumas manoses. Em todos se encontra  uma estrutura comum


    Man                Man

    lig 1, 3                                   lig 1, 6

    Man
    ¯
    NAG
    ¯
    NAG
    ¯
    Asp
    ½


    X
    ½
    Ser
    ½
    Prot

    Estrutura comum

    No tipo rico em manose  domina a manose.
    No tipo complexo  encontram-se glúcidos mais raros, tendo um ácido siálico terminal, o que lhes dá características ácidas

    Ac. Sial.
    ½
    Gal
    ½
    NAG
    ½
    Ac. Sial
    ½
    Gal
    ½
    NAG
    ½



    Man
    ½
    Man
    ½


    Man
    ½
    Man
    ½
    Estrutura comum

    Estrutura comum
    TIPO COMPLEXO

    TIPO RICO EM MANOSE


    Ligações O


    A  NAG liga-se a um hidroxilo da serina ou treonina, mais raramente à hidroxiprolina ou hidroxilisina
    Na O-glicosilação estão envolvidas apenas oses e osidos, ao contrário da N, em que se encontram formas mais complexas.
    A mesma proteína pode ser simultaneamente N e O – glicosilada.
    As glicoproteínas têm a capacidade de se combinar com um grande número de estruturas.
     Para lá de terem vários tipos de glúcidos na sua estrutura, podem-se ligar a glúcidos adjacentes por ligações O - glicosidicas, criando estruturas ramificadas complexas com um número praticamente ilimitado de conformações, o que explica a sua importância em vários fenómenos de reconhecimento como é o caso dos constituintes dos grupos sanguíneos ABO.

    CAPITULO 13
    GLICOPROTEINAS EM  SAUDE

    Imunoglobulinas
    São glicoproteínas em que as unidades glucidicas estão ligadas à asparagina.

    Enzimas

    Alguns enzimas como a ribonuclease B, amilase e glicose-oxidase são glicoproteínas.
    A remoção do  ácido siálico  inactiva-os.

    Hormonas

    As hormonas gonadotropicas, a TSH e  a tiroglobulina são glicoproteínas.
    A FSH e a gonadotrofina coriónica perdem a sua actividade pela remoção do ácido siálico.

    Outras glicoproteínas

    As glicoproteínas têm uma distribuição universal.
    Encontram-se no sistema de coagulação do sangue e em moléculas de transporte (ferro, cobre, hormonas).

    Mucinas

    As células existentes no lume das cavidades do organismo segregam uma substância viscosa, o muco, constituído por mucopolisacáridos e por glicoproteinas, as mucinas.
    São muito ricas em glúcidos.
    Podem-se agregar por ligações S-S.
    No muco do suco gástrico existe uma mucina com características específicas, o factor intrínseco, necessário para a absorção da vitamina B12. Quando este factor não existe, a vitamina B12 não é absorvida e surge a anemia perniciosa


    Glicoproteinas e interacções celulares

    A parte glucidica das glicoproteinas membranárias está situada na parte externa da membrana celular.
    A grande variedade de receptores celulares para os glúcidos, justifica uma grande interacção.
    É por este processo que as glicoproteinas estão implicadas na fertilização, diferenciação celular, agressão de células e infecção.
    As células normais deixam de crescer quando contactam com outras – é a inibição por contacto.
    Esta inibição não surge nas células cancerosas devido à estrutura diferente das suas glicoproteinas.


    Glicoproteinas e microorganismos


    Alguns vírus, parasitas e bactérias reagem com as glicoproteinas da superfície para criar uma porta de entrada no organismo

    Receptores celulares

    É entre outros o caso do vírus da SIDA, , rinovirus, Plasmodium vivax

    Distroglicana

    É um componente do complexo distrofina-glicoproteina, receptor existente na laminina.
    É a  porta de entrada do Mycobacterium leprae e dos arenavirus


    Subgrupos sanguíneos

    O plasmodium falciparum combina-se com a glicoforina, existente no subgrupo MN
    O helicobacter pilori liga-se a  moléculas do subgrupo MN, existentes na mucosa gástrica

    Moléculas de adesão

    O vírus da raiva liga-se com moléculas de adesão das células neurais

    Sulfato de heparana

    O herpes vírus tipo I reage com o sulfato de heparana sulfatado em 3, componente do factor de crescimento dos fibroblastos


    Sistema ABO

    A composição dos vários tipos do sistema sanguíneo ABO, exemplifica bem a importância da glicosilação no reconhecimento celular.
     De facto, os grupos A e B resultam da glicosilação de resíduos diferentes do grupo O
    No grupo AB houve as duas glicosilações, contendo assim em relação ao Grupo O moléculas suplementares de N-acetil galactosamina e de galactose



















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